Nós temos um amiguinho que sempre visita a Casa do Pequeno Artista: um macaco. Você sabe, não devemos nunca prender esse tipo de animal porque ele é feito para viver livre. Esse nosso amigo é bagunceiro e está sempre armando uma confusão com as crianças.
Era um dia muito quente e eu tinha deixado a janela da casa aberta para entrar um vento fresco enquanto terminava de contar uma de minhas histórias para as crianças. De repente, escutamos um barulho que vinha do lado de fora da janela.
– Ploouft!
China correu para a janela para ver o que tinha acontecido e falou:
– Ih professor, olha lá, um macaquinho caiu da árvore do gigante do senhor.
– Tem certeza, China, um macaco caiu da minha árvore?
– É … um macaco bem pequeno e acho que ele está machucado. Vamos lá para ajudá-lo!
Saímos correndo da Casa para ver aquela criatura peluda que estava esparramada na grama em frente da minha árvore. Eu plantei essa árvore, há bastante tempo, e ela cresceu tanto que as crianças dizem que é a árvore do gigante. Elas acreditam que lá em cima, no final da árvore, mora um gigante. Sabe o que dizem sobre um gigante, né? Que é um homem muito, muito, muito alto e muito mau. Todo mundo sabe que gigantes não existem. Só mesmo dentro da imaginação das crianças.
Levamos o macaco para dentro da casa. Todo mundo queria ajudar:
– Pega pelas perninhas dele, Elisa. – disse China
– Eu seguro a cabeça. – disse Pedro
– Eu seguro a outra perna. – disse Bocão
Parecia que o macaco ia partir ao meio. Era tanta criança segurando… até que conseguiram colocá-lo deitado no sofá da minha sala. Limpei o machucado que tinha em sua cabeça e fiz um curativo.
– Professor, por que o macaco não abre os olhos?
– Calma, China, ele vai abrir. Quando ele caiu da árvore deve ter batido muito forte com a cabeça. Daqui a pouco ele vai abrir.
– E se o gigante deu um veneno pra ele?
– É mesmo, China. O gigante da árvore pode ter envenenado o macaquinho, coitado. – disse Elisa
– Crianças, vocês sabem que gigantes não moram em árvores, aliás, gigantes não existem!
– Claro que gigantes existem, vô. – disse meu neto Zé
– É sim, professor. – disse Drica
Bem, de qualquer forma, nunca saberemos o que fez esse macaco cair da minha árvore porque animais não falam. E isso é uma pena… eu gostaria de saber o que aconteceu.
Nesse momento, o macaco abriu os olhos e escutamos:
– Eu posso contar o que aconteceu.
– Você fala? Como pode um macaco falar? – disseram todos ao mesmo tempo assustados
– Como é seu nome??? – perguntou o professor mais assustado que todos
– Meu nome é Lufa Lélo Lourenço e eu nunca tinha falado, mas depois que subi na árvore aconteceu.
– É, Lufa, nós adoramos subir nela também. Por que será que nunca o encontramos brincando aqui nos galhos?
– Porque eu me perdi dentro dessa árvore. Um dia, eu estava brincando com meus amigos macacos de esconder e não consegui achar a saída dos galhos. Foi nesse dia que conheci o gigante.
– Nossssssa, você conheceu o gigante mau? – disseram todas as crianças
– Conheci e ele é um homem horrível. Ele odeia animais! Amarrou minhas pernas, me prendeu numa jaula pequena e me deu um líquido mágico que ele chama de “fala para macaco”.
– Para que serve esse líquido? – perguntou Zé
– Para que eu pudesse começar a falar feito gente. O gigante é muito alto e muito mau, mas é também muuuito burro. Ele achou que se eu aprendesse a falar como gente, poderia contar histórias para ele. As mesmas histórias que ele escuta o professor contando para vocês aqui na Casa.
– Ih, Lufa. Não vai dizer que o gigante consegue escutar as histórias que o vô conta pra gente estando lá em cima da árvore? – disse Léo
– Ele escuta e adora! Só que ele ficou com muita raiva porque eu só sei contar histórias de macacos.Um dia ele não agüentou mais minhas histórias e disse que me jogaria lá de cima. Foi o que aconteceu. O gigante disse que vai descer da árvore e vai roubar todas as histórias do professor.
Fiquei preocupado com toda essa história que o Lufa contou. Comecei a pensar em uma maneira de prender o gigante na árvore para sempre. Já sei!!! Precisamos subir na árvore e zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
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Continuação de Victoria Dowsley Coneglian Weyand – 10 anos
Dar uma lição naquele gigante. Ele vai ficar tão arrependido do que fez que vai ter que parar. Na mesma hora a Turma falou:
– É isso!!! Vamos subir lá imediatamente.
Mas eu interrompi e disse:
– Ainda não crianças, precisamos de um equipamento adequado. Se o gigante nos derrubar da árvore levamos uma queda feia … Vamos pegar alguns equipamentos, lá na Casa.
Bem, depois que pegamos os equipamentos escalamos a árvore, com cuidado, porque o equipamento não era nada confortável. Coçava e era apertado. A única coisa que era confortável era o tênis que usávamos no momento.
Até que Elisa disse:
– Professor estou com medo. E se ele nos devorar ou qualquer outra coisa?
Bem, naquele momento ela me despertou uma curiosidade: será que ele poderia nos receber bem? Ou poderia nos devorar? Mas não voltei atrás, maltratar animais é uma coisa horrível. Esta espécie poderá não existir mais e entrar em extinção. É o mesmo caso desse gigante com um caçador. Mas isso não vem ao caso.
Após a escalada chegamos à casa dele e era enorme (claro).
Léo falou:
– Professor o que vamos fazer? Vai ser difícil achá-lo!
Zé disse brincando:
– É, certamente ele deve estar brincando com a Polly.
A Turma deu um monte de risadas, inclusive eu. Imagine o gigante brincando com uma boneca pequenininha menor do que nós.
Então eu disse:
– Está bem crianças, vamos, o gigante deve estar almoçando ou fazendo qualquer outro passatempo.
Entramos lá e lá estava ele. O gigante estava escrevendo uma história e não parecia muito violento. Fui até ele e chamei sua atenção. Ele olhou para todos os cantos, menos para baixo. O chamei novamente e aí sim ele olhou para baixo. O gigante pegou um pedaço de madeira e começou a bater no chão tentando me atingir. Saí correndo e me escondi junto da Turma.
Cinco minutos depois sai de novo, dessa vez eu subi na escrivaninha e disse:
– Espere! Só quero lhe perguntar… Por que você não gosta de animais?
Perguntei calmamente. Ele me respondeu:
– Porque eles fazem muita bagunça e não me deixam terminar a minha história.
Fiquei espantado e disse que ele só precisava ter pedido ao Lufa para ficar quieto, para não perturbar. Então o gigante disse:
– Eu falei isso para ele, mas Lufa não me levou a sério.
Fiz apenas mais uma pergunta ao gigante:
– Você falou com ele educadamente como está falando comigo?
O gigante começou a olhar para cima e para baixo como se não quisesse responder a minha pergunta. Então depois ele me respondeu:
– Não, mas eu falo com ele.
– Você precisa falar calmamente, senão o Lufa e todas as crianças vão ficar com medo de você. E, além disso, é crime maltratar animais, sabia?
-Não, mas prometo que irei me esforçar….Ok?!
Concordei e chamei a Turma para falar com o gigante. Logo depois o gigante resolveu contar a sua história para a Turma.
– A minha história fala sobre uma espécie rara de arara que está morrendo por causa de caçadores que matam seus parentes. Só que um dia, um homem muito bondoso mandou os caçadores pararem de matar as araras. Sabe o que aconteceu? Os homens ficaram surpresos e pararam.
A Turma ficou encantada com o conto do gigante e viu logo que ele gostava de animais. Logo após, todos nós lanchamos na casa do gigante, falamos tchau e descemos da árvore.
Desde aquele dia fomos visitar o gigante todas as tardes. Ele aprendeu uma grande lição e seu conto virou um livro muito bonito.